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Foto do escritorAdriana Gardin

Pessimismo X Desamparo aprendido

O que o pessimismo tem a ver com desamparo aprendido ou vice-versa?

Existem fatores que contribuem para a instauração de um estado mais pessimista em nossa vida. Para entender essa afirmação, na prática, vou pedir para você pensar conscientemente, agora, sobre qual é a forma que você explica e lida no seu dia a dia com situações que não estavam planejadas. Imagine que você pensou em ir à praia e amanheceu chovendo.


Nos momentos de pandemia, com tantas situações adversas, como foi trazer vários setores da vida para dentro de um mesmo ambiente? A pandemia trouxe à superfície muita coisa que estava guardada na nossa zona de conforto. Isso é uma oportunidade ou é algo que você percebeu como ruim?


A forma como lidamos com as circunstâncias está diretamente ligada com a percepção de nós mesmas, dos outros e da vida. E aí encontra-se uma importante chave para compreender esse estado mais pessimista, caso você esteja vivenciando isso. Porque sim, é um estado. Nós não nascemos pessimistas.


Pessimismo ou otimismo, uma questão de aprendizagem


No livro Aprenda a ser otimista, de Martin Seligman, encontramos a demonstração de que o desamparo é aprendido e, muitos de nós, que hoje se vê mais pessimistas, desenvolveu o desamparo lá na infância, perpetuando essa forma de interpretar as situações adversas na vida adulta.


O termo “desamparo”, neste contexto, tem a ver com a sensação que temos ao tentar algo durante um tempo, não conseguir e, por fim, desistir. Ao não encontrar outras janelas de oportunidades, nos conformamos e o sentimento é de que não temos amparo.


Você conhece pessoas ou você faz os seguintes tipos de colocação?


“Ah, eu sou burro”, “eu não tenho jeito pra essas coisas”, “eu tenho dificuldade pra lidar com o outro”, “isso não tem jeito, é da minha personalidade”, “eu nasci assim, é o meu jeito”, “eu duvido que eu vou conseguir ter dinheiro na minha vida, ou mudar minha condição”, “mudar de emprego nem pensar! Se eu mudar, vai ser pior, eu vou me dar mal”.


Você já entendeu, né? Essa forma explicativa é o combustível para desenvolver o desamparo. Então, se você cresceu em um ambiente em que as pessoas justificavam os acontecimentos desta maneira, a tendência é que você tenha introjetado dentro de si este modelo explicativo, em que as coisas são permanentes, abrangentes e personalizadas. Com isso, você perpetuou o sentimento de desamparo dentro de você.


O que quer dizer permanente, abrangente e personalizada?


Permanente, porque é “ser”. Por exemplo, “eu sou negra”, isso não muda. Se eu penso “eu sou burro”, eu acredito que não existe forma de mudar.


Abrangente, porque está no todo da vida: “nada dá certo pra mim”, “nunca vou ter alegria”, “nunca vou ter dinheiro”.


Personalizada, porque eu penso e a forma desse pensamento é personalizada. Depende totalmente de mim e de como eu não dou conta.


Muitas pessoas diagnosticadas com depressão podem ter desenvolvido esse desamparo lá na infância. Aprenderam a acreditar que nada do que fazem pode alterar uma situação. Isto é, não conseguem flexibilizar os próprios pensamentos e buscar recursos, soluções e, gradativamente, perdem a esperança, sem perceber, de forma bem automática.




O autoconhecimento é importante por isso, porque você vai ver o que foi introjetado dentro de si, podendo alterar esse modelo de visão. Alterando esse modelo explicativo, é possível ser mais otimista. Podemos reaprender e ainda contribuir com a próxima geração para que ela já tenha um olhar mais realista da vida.


Alterando esse modelo explicativo, você altera a sua condição de coautor da sua existência. Espero que você tenha compreendido como se dá a construção do desamparo aprendido e do pessimismo.


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